Não há Força mais Suprema no hip-hop nacional "E A União Fez A Força" [Leia]
E A União Fez A Força. O novo álbum do colectivo Força Suprema, de NGA, Prodígio, Masta e Don G, chegou este sábado ao YouTube, com 12 videoclips, um para cada faixa. Este é o mais recente trabalho de um grupo que tem feito lançamentos constantes ao longo dos anos — dezenas de álbuns, mixtapes, compilações, há sempre novidades do colectivo da Linha de Sintra e dos seus herdeiros naturais, Deezy e Monsta.
Apesar de fazer rap, o grupo sempre esteve afastado do circuito mais restrito do hip-hop nacional, por uma razão ou por outra, com uma base de fãs mais ligada aos imigrantes dos PALOP — não necessariamente o público pertencente ao núcleo duro do hip-hop — e às pessoas da zona que sempre representaram, da Damaia à Tapada das Mercês, passando por Queluz ou por Rio de Mouro, num cenário que se alastrou pelos outros subúrbios lisboetas e, mais tarde, pelo país e mundo fora.
Goste-se ou não, não há ninguém em Angola que consiga igualar este nível de produção, entre outros exemplos. E isso só é possível porque a Força Suprema é um fenómeno inigualável que ultrapassa as fronteiras de vários países unidos pela língua.
Download do Álbum Completo
Mediafire
O sucesso da Força Suprema e a maior projecção em Angola e noutros países acompanhou a evolução artística do colectivo. Já não há gravações lo-fi ou vídeos amadores, e isso nota-se também no trabalho dos seus colaboradores mais íntimos, como o realizador WilSoldiers, que em 2007 fez o vídeo para “100% Street”, e que agora assina a realização dos vídeos para três das faixas de E A União Fez A Força — “Estrada”, “No Mó” e “Tamu A Dar Na Cara”.
Assistam todos os Vídeos:
Ao longo dos anos, o grupo aumentou imenso a fasquia, com o líder NGA a ser considerado Artista Masculino do Ano e Artista Mais Popular da Internet nos Angola Music Awards de 2015; ou o facto de os quatro rappers terem sido convidados para uma visita ao palácio presidencial, no ano anterior. Quando chegam a Luanda, NGA, Prodígio, Masta e Don G são recebidos como os Beatles nos anos 60 ou Justin Bieber em qualquer metrópole ocidental. Há milhares e milhares de fãs eufóricos por todo o lado, aos gritos e à procura de conseguirem tirar uma fotografia ou terem um autógrafo dos seus ídolos.
Se em Portugal não são artistas mainstream, têm uma grande base de fãs anónima que não conta para os rankings. A Força Suprema quase não tem minutos na rádio portuguesa e ainda menos na televisão. Mas actuam na MEO Arena e têm milhões de visualizações no YouTube. São artistas da cultura popular de um certo segmento do submundo cultural nacional, que também não é estanque. Era também disto que falava António Brito Guterres numa sessão do TEDxLisboa, o ano passado, e a jornalista Joana Gorjão Henriques, num artigo deste ano no Público que tinha como assunto o mesmo fenómeno.
No fundo, todo este investimento na produção é feito para os fãs. NGA disse por diversas vezes que não há qualquer tipo de retorno financeiro com os videoclips e que servem exclusivamente para saciar a sede por mais conteúdos da Força Suprema.
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